Dezessete Horas

Etc

domingo, 9 de maio de 2010

Cores.

Pense nαs cores que você conhece. Brαnco, preto, αzul, αmαrelo, verde, rosα, vermelho, mαrrom, roxo, lαrαnjα, etc.
Você pode vê-lαs como αpenαs cores, e nαdα mαis.
Mαs pode pegαr um simples tijolo mαrrom e pensαr: Isso nαo é αpenαs marrom. Sαo mαis de um milhαo de cores!! Mαrrom clαro, mαrrom escuro, mαrrom musgo, mαrrom esverdeαdo clαro, mαrrom esverdeαdo escuro... Tudo dependerα dα formα, dα clαridαde, dα sujeirα...
E αi te vem α cαbeçα... Porque tαntos detαlhes? Aqueles mínimos detαlhes que nos impedem de fαzer certαs coisαs! Detαlhes nos dαo medo! Nos dαo medo de viver α vidα como deveriα ser vividα.
Porque não podemos αpenαs pensαr nαs coisαs simples dα vidα, sem ter que pensαr em detαlhes, nαo ter medo de viver e ser feliz.
E descobrir que αquele tijolo mαrrom, é αpenαs mαrrom. Ou pelo menos erα pαrα ser...

Paraíso Ilusório

Imagine um lugar...
Sem guerras, sem mal-estar.
Sempre bonito e feliz.
Alegrias e amizades como eu sempre quis.
Sem dor, sem sofrimento.
Um desejo ao vento.

Sorrisos, risadas
numa noite estrelada.
Muita paz e amor.
Uma paixão com muito ardor.

Uma história num baú, libertada será;
E para muitas pessoas ela se contará.
Um acontecimento levado pelo mar...
Pelo ar...

Libertaram os mistérios do passado,
Um desejo mal concebido...
Uma história mal contada...
Um amor em sigilo.
Tudo se libertará e brilhará como uma estrela no céu...
Fora uma vida ao léu.

The Same Ol' Way

Dou graças que tenha morrido
Mas em outros braços havia sido.
O que podia ser chamado de amor, agora se chama dor.
Os minutos correm, e mesmo assim param no tempo.
Pedaços que me sobraram, acabam de ser levados pelo vento.
É difícil ter de prolongar minhas cicatrizes, sei que nada mais será igual.

Você acredita no tempo?
Acredita que cada estrela tem o seu momento?
E o ódio que te restou?
A vingança teme um passado lento.

Foi até fácil esquecer as boas lembranças.
Era você mentindo e eu babando que nem criança
Todos sabem que o amor e o ódio estão no mesmo caminho
Qualquer erro, e estaremos caminhando sozinhos.
Como será que é viver com uma pedra no lugar do coração?
Colocar alegrias na cabeça de outros, mas depois não.

Você acredita no tempo?
Acredita que cada ser tem o seu momento?
E a paixão que foi embora?
Sabe que cada um faz a sua hora?

Você acredita na vida?
Acredita que sem um alguém, ela não pode ser querida?
E quanto as cicatrizes que não se curam jamais?
As difíceis escolhas é você quem faz.

Talvez.

Cartas fechadas na caixa de correio, do mesmo remetente.
E as rosas murchadas e caídas que algo sentem.
A doentia chuva de sangue que molha a pele,
e fere um abraço e os olhos da eternidade.
É como querer estar adentrando um avião e esperando que chegue ao solo.
É pedir um dia sem noticiario na TV, e o tolo,
que me deixa rosas vermelhas no tapete da porta de casa, que estava molhado;
enquanto estou cantarolando uma canção, de olhos fechados,
no meu campo de margaridas.

Não.

E com o passar do tempo,
os despidos e farpados,
os límpos e empoeirados.
Passaram perdidos, e seus partidos
Límpidos e procurados,
lápides empoeiradas.

Waterfalls

Água, deságua.
Na mata, na casa.
A névoa, a mágoa.
A água

Tudo, Nada

Vida dobrada
diferente, virada.
A doença de não ter nada.
Eternidade endiabrada.

Ferida, machucada,
toda amargurada.
Tenho tudo,
Tenho nada.

Sinto-me deslocada.
Talvez mudo.
Mentira,
tenho tudo.

Neurônios


Quarta vez em Israel. O país já não me era estranho. Viagem de férias para visitar a família. Avós, tios, primos. Todos brasileiros que decidiram seguir um caminho sionista e ir morar em Israel.
         Dezembro e janeiro lá, é o maior frio. Congelante, e chega a nevar. Não em todos os lugares. Na verdade só em Jerusalém e no Monte Hermon, motivo pelo qual decidimos pegar o carro e dirigir 4 horas até o norte. É como uma estação de esqui: teleféricos, chocolate quente, escorregadores, trenós... e tudo tão branquinho! Mas essa é só uma boa lembrança. O que importa mesmo é que minha amiga estava em Israel fazendo intercâmbio.
         Eu queria muito vê-la, afinal era uma amizade de quase 15 anos, apesar de alguns deles inativos.
         O problema era que o lugar onde ela estava morando era bem longe. Cidadezinha na fronteira com a Jordânia. Mas minha mãe me deixou visitá-la: ligou para o diretor do programa de intercâmbio, pediu para me deixar ir e... Seguimos caminho. Pegamos um ônibus de Tel-Aviv para Afula, que demorava 2 horas, e depois um de Afula para Bet Shean, que era meu quase destino, e demorava meia hora. Chegando a Bet Shean, pegamos uma mini-van, que nos levou até o Kibutz, que era então, meu destino por final. Kfar Ruppin. O nome me soava estranho: consoantes demais; mas se manteve mesmo assim na minha cabeça, pelos 4 dias em que fiquei lá. Conheci muita gente legal, e até fui à escola com eles. Monótonas palavras em hebraico que não me entravam nos ouvidos. Talvez até entrassem, mas saíam pelo outro lado. Com a pequena base que eu tinha do hebraico, não me era suficiente para entendê-lo aos montes.
         Todos esses quatro dias e os montes de hebraico provavelmente me queimaram alguns neurônios, o que me fez querer mudar um pouco. Porque não? Por que não tentar? Sei que minha vida estava perfeita no Brasil: namorado, amigos, banda, e eu iria estudar no Objetivo da Paulista! Mas POR QUE não? Seria uma chance única, e como foi uma grande queimada de neurônios, fui logo falar com a minha mãe:
         - Mãe, sabe... Eu tava pensando... Eu queria fazer o intercâmbio com a Yasmin. Já to aqui e... Sei lá, é mais fácil!
         - Você tem certeza? Eu acho legal, eu já fiz e é uma experiência diferente! Mas são 2 anos e meio, talvez você queira algo menor... 1 ano, sei lá.
         - Nããão, mãe, eu gostei de lá! Já fiz até amigos...
         - Hm, mesmo? Então pensa até amanhã melhor, e se você quiser ainda, corremos atrás.
         Eu queria ter mudado de idéia, mas mantive minha decisão.
         E parecia tão simples ter de explicar para o meu namorado que eu ficaria em Israel... Para os meus amigos, meu pai!
         Corremos então atrás da papelada. Xerox de: RG, certidão de nascimento, passaporte, certidão de casamento dos meus pais, certidão de judaísmo, e sei lá o que mais... Ainda tive que ir numa psicóloga que me fez fazer uns testes muito loucos para ver se eu estava pronta para ficar sozinha em Israel. E até hoje eu ainda acho que estes testes não tinham nada a ver, foi só uma maneira de a psicóloga ganhar o dinheirinho dela.
         Mas segundo ela, sim eu estava pronta. Superficialmente, claro.
         Então chegou-se o dia. Dia 27 de Janeiro de 2008. Eu estava lá no aeroporto, me despedindo da minha mãe e do meu irmão que estavam voltando para o Brasil. Poupei as lágrimas, eu precisava mesmo de algum tempo longe da família.
         Então eles passaram pelo portão, e fui embora com meus avós. Estava na hora de seguir meu caminho sozinha. Dava até frio na barriga. Eles quiseram me levar até o Kibutz.
         Então seguimos 2 horas e meia de viagem, das quais 2 eu dormi.
         Foi uma chegada inesperada. Não encontrei ninguém. Estavam todos na escola. Até hoje não me lembro o que fiquei fazendo das 10 da manhã até as 3 da tarde, quando todos chegariam. Acho que fui para o meu quarto, e arrumei minhas coisas. Vi TV, e mexi no computador...
         E enfim, chegaram. O tempo até que passou rápido. Na época eu não era muito sociável. Não que eu seja hoje, mas eu era ainda menos. Era tímida e com quem eu não ia com a cara, eu era chata. E não era fofa. NUNCA. Eu sou tudo, menos fofa.
         Dei oi pra todo mundo. Alguns ficaram felizes de me ver, outros nem tanto. Na verdade a maioria. Não fui muito bem aceita. Tanto é que alguns dias depois, quando foi meu aniversário, nem metade me deu parabéns, e não fizeram nenhuma festinha. Mas para todo o resto fizeram em seus aniversários. Me senti rejeitada. Depois dessa eu quis voltar para o Brasil. Liguei pra minha mãe, implorei. Eu poderia ter voltado. Quis muito. Mas não voltei. A pressão para ficar foi maior.
         Então o tempo foi passando, super legal, Israel era demais. Mesmo. E ainda é. Uns dias eu era amiga de uns, e outros de outras. Teve até o dia que pusemos uma barata no tênis de uma menina que odiávamos. E a viagem para Tel-Aviv, que foi maravilhosa. Ah, como eu amo Tel-Aviv. Mas é difícil de lembrar. Dá saudades.
         Foram tantas experiências novas. E o pior é que vivendo em Israel, eu aprendi mais espanhol e inglês do que hebraico. Não é a toa que eu saí de Israel com umas 15 letras de músicas em Inglês. Eu escrevia todas elas nas aulas de hebraico. Nas 5 aulas de hebraico que tínhamos por dia.
         O clima começou então a esquentar. E o esquentar em Israel, é esquentar mesmo. Dos 0 aos 40 graus em segundos! Não literalmente, claro.
         Eu gostava muito de lá, mas eu odiava muito lá. Estava com uma saudade imensa do Brasil. Se eu pudesse, voltava para essa época agora. Então nas férias de Julho, fui para o Brasil com meus amigos brasileiros. Não íamos ficar no Brasil, eram só férias mesmo. E esse tempo foi a melhor época da minha vida. De julho a agosto. Foi quando tudo aconteceu. Tudo de ruim e tudo de bom. O melhor foi o futchurras, mais conhecido como churrasco com futebol, da Irmandade dos Cabeludos. Lá conheci a pessoa que me fez desistir completamente de Israel. É desisti. Não voltei. Começamos a namorar. Minha amiga Yasmin voltou, mas meses depois disse que não conseguia ficar lá sem minha companhia e voltou para o Brasil. Sinto que estraguei a vida dela.
         Mas por outro lado, estou namorando até hoje.
         E dá vontade de chorar quando lembro de 2008. Já que foi o melhor ano da minha vida. Perfeito, e não tão perfeito assim. Mas só se entenderia tendo a mesma experiência que tive...


Exatamente a mesma.







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